A relação entre reumatismo e bactérias intestinais

O reumatismo é uma doença que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo, causando inchaço e dores nas articulações, principalmente nas mãos e nos pés. Essas dores muitas vezes tornam simples tarefas do dia a dia, como comer, se vestir ou cuidar da higiene pessoal, verdadeiros desafios. Embora o reumatismo seja frequentemente associado a idosos, ele também pode afetar crianças, adolescentes e adultos jovens. Curiosamente, as mulheres são de duas a três vezes mais propensas a desenvolver a doença do que os homens.

A busca pela causa

A origem exata do reumatismo, especialmente da artrite reumatoide, ainda é um mistério. No entanto, fatores como predisposição genética, estresse e mudanças climáticas são frequentemente apontados como possíveis desencadeadores. Recentemente, um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, trouxe novas luzes sobre uma possível causa da doença: as bactérias presentes no intestino, conhecidas como microbioma.

De acordo com o estudo, o microbioma intestinal tem a capacidade de converter o aminoácido triptofano em uma substância inflamatória que pode desencadear a artrite reumatoide. Esse achado pode abrir portas para novas abordagens no tratamento da doença, permitindo que ela seja tratada em estágios iniciais, antes mesmo de os sintomas mais graves, como inchaço e deformidades nas articulações, se manifestarem.

O papel do triptofano

O triptofano é um aminoácido vital para o organismo, essencial na produção de proteínas, enzimas e neurotransmissores. Ele é especialmente importante na produção de serotonina, um neurotransmissor que atua como um antidepressivo natural. Como o corpo humano não consegue produzir triptofano por conta própria, é necessário obtê-lo através da alimentação. Alimentos como queijos duros, frango, castanha de caju, soja e chocolate amargo são ricos nesse aminoácido.

No entanto, o estudo mostrou que, em pessoas com reumatismo, o triptofano pode ser decomposto de maneira diferente no intestino, levando à produção de indol, um composto que, em excesso, pode desencadear inflamações autoimunes. Essas inflamações ocorrem quando as células T, parte fundamental do sistema imunológico, passam a atacar o próprio corpo, causando a artrite reumatoide.

O impacto na dieta

Dado o papel do microbioma intestinal no desenvolvimento do reumatismo, adotar uma dieta balanceada pode ser uma estratégia importante para prevenir ou minimizar os sintomas da doença. A Deutsche Rheuma-Liga, uma associação alemã dedicada ao apoio a pessoas com reumatismo, recomenda uma dieta com baixo consumo de carne vermelha, priorizando peixes, frutos do mar e gorduras vegetais. Além disso, é aconselhável consumir muitas frutas, verduras, produtos integrais e nozes, que são ricos em nutrientes e fibras.

Cozinhar alimentos frescos e evitar refeições prontas, que muitas vezes são ricas em sal, açúcares e gorduras saturadas, também é uma prática recomendada. A reumatologista Kristine Kuhn sugere a dieta mediterrânea como uma das melhores opções para pacientes com reumatismo, devido ao seu alto teor de alimentos frescos e saudáveis.

Os avanços na compreensão das causas do reumatismo, como o estudo recente que associa a doença ao microbioma intestinal, representam uma esperança para milhões de pessoas que sofrem com essa condição. Embora ainda seja necessário confirmar esses achados em humanos, as novas descobertas podem levar a tratamentos mais eficazes e personalizados, oferecendo uma melhor qualidade de vida para os pacientes. Além disso, manter uma dieta equilibrada e saudável pode ser uma medida preventiva valiosa para evitar o agravamento da doença.

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